quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

AS BATALHAS


A batalha da Lua Negra

                Na estação do inverno em que o sol era menos presente na região do norte durante os dias, a luz da lua se manifestava como uma capa gelada durante a noite, o ar era pesado e denso durante as manhãs e a névoa se fazia presente por quase todo o tempo, nessa época reaparecia na cabeça dos elfos da floresta do norte uma atenção especial voltada para as montanhas geladas. Era nesse tempo que nas margens da grande floresta acontecia constantes batalhas contra os chamados demônios albinos, liderados por Thuruk, um orc singular entre os de sua raça.
                Como de costume, durante esta época, o conselho de liderança élfico se reunia na torre da cidade de Defria e traçava seus planos de defesa contra os ataques dos demônios albinos. Elfrent domava e capacitava todos os tipos de feras e sedia ao exercito das fronteiras da floresta, colocava o raro veneno produzido nas pontas das flechas e na lamina das espadas, Braziel dobrava a vigilância nos pontos mais comuns de combate, mantinha todo o exercito alerta e criava varias armadilhas no interior da floresta, Fwina e seus elfos portadores da magia élfica mantinham vigilância constante nas montanhas geladas para que assim não fossem pegos desprevenidos. E assim era feito todo o planejamento para defender o reino dos ataques.
Braziel tinha dois filhos, Malfurian e Brauz. Brauz tinha habilidades diferenciadas ate para um elfo em arco e flecha e no manuseio de espada, ocupava um cargo de comando nas tropas que defendiam as margens da floresta. Já Malfurian não apresentava ter nenhuma virtude que servisse aos três alicerces do reino élfico, ele não tinha habilidades com armas, não apresentava vocação pra magia e nem tinha interesse no aprendizado que Elfrent ensinava, era apenas um elfo comum e morava em uma das cidades mais ao norte de nome Mafria.
                Certa noite, uma das mais frias da estação, onde a lua se pôs no céu com uma cor escura e frigida, como se estivesse carregada de pesadelos e maldade. Brauz fazia a guarda junto aos seus guerreiros à margem norte da floresta, esta findava bem aos pés das montanhas geladas, no horizonte não se enxergava nada, apenas a densa e fria nevoa preenchendo a escuridão da noite, o silêncio era pacificamente perturbador e nada tirava a atenção e vigilância dos elfos.
Duren o segundo no comando depois de Brauz, era também um amigo desde os tempos de infância, os dois cresceram juntos e participaram do mesmo treinamento em armas. Brauz tinha um sentimento por Duren que se igualava ao que sentia por Malfurian, seu irmão.  
Duren andou um pouco pra frente das margens das árvores até sentir a brisa que a névoa gelada emitia no horizonte e olhou para o céu esperando entender o porquê da lua se fazer presente daquela maneira, e então em questão de segundos um machado passou no horizonte cortando a densa névoa e emitindo um som semelhante a um zunido que ia ficando cada vez mais alto a medida que se aproximava, o machado bateu no peito de Duren e o impacto foi tão intenso que fez com que ele partisse ao meio e antes que seu corpo caísse no chão uma multidão de demônios albinos apareceu em meio à névoa quase imperceptíveis.
Os seres corriam como se precisassem daquilo para viver, mantinham o olhar fixo e cheio de ódio na floresta, alguns traziam consigo um enorme machado e o seguravam com as duas mãos, já outros seguravam em cada mão machados menores porém tão perigosos quanto os de duas mãos, usavam como armadura apenas pequenas tiras de couro seco e crânios humanos pendurados na cintura como troféus de antigas batalhas vencidas.
Brauz ainda chocado com a sena de seu amigo ser dilacerado bem em frente aos seus olhos se fortaleceu com as lembranças que tinha vivido com ele e através delas teve forças pra soltar um grito de reação:
- Arqueiros agora!
Imediatamente uma saraivada de flechas saiu por entre as árvores e cobriu por completo o brilho que a lua negra emitia, o céu se fez mais negro e em menos de segundos os seres foram amaldiçoados com uma chuva de flechas élficas envenenadas. Mais da metade deles caíram no chão, porém em instantes se levantaram e mesmo com o efeito do veneno no sangue continuaram a correr freneticamente ao encontro das arvores.
- Arqueiros novamente! – Gritou Brauz.
Outra saraivada de flechas caiu sobre eles, e a cena se repetiu, os seres se levantaram e continuaram correndo ao encontro dos elfos. Brauz então ordenou que soltassem as feras e imediatamente ursos que chegavam a medir 5 metros, lobos cinzentos medindo 3 metros e grandes águias saíram das árvores. Os ursos e os lobos se chocaram com os seres sem cor e então muitos deles voaram a metros de distancia com a força das feras, as águias davam rasantes ao encontro do chão e com suas garras pegavam os seres e jogavam nos rochedos aos pés das montanhas. O som dos machados e urros das feras era ouvido ao longe.
Brauz vendo que os seres sem alma estavam sendo tomados por suas feras, gritou a seus guerreiros:
- Atacar!!
Então muitos elfos saltaram das árvores, e em uma velocidade impressionante começam a atacar, não usavam suas lâminas mais de uma vez por criatura, seus golpes eram objetivos e mortais, acertavam órgãos vitais e decepavam seus inimigos com apenas um corte.
A batalha parecia estar ganha pelos elfos e ainda estavam no meio da noite, longe do nascer do sol. Então um som muito alto cortou o ar gelado da noite vindo das montanhas, era o som de um chifre nórdico, que se assemelhava a uma corneta de som mais grave, logo após o término do som se iniciou um rugido estrondoso que fez tremer o corpo de cada ser vivente que se encontrava em cerca de 100 milhas dali. 
Ouviram-se então sons de pegadas que se aproximavam do local onde estava sendo traçada a batalha. Os elfos e os seres sem cor olharam para a base das montanhas geladas e viram cortar a névoa grandes patas, eram cinco feras enormes, medindo mais de vinte metros cada, cuja nevoa impedia de ver o rosto. Estas feras pisotearam elfos, ursos, lobos e até mesmo os orcs albinos, de cima das feras vinham saraivadas de flechas que acertavam todos que estavam abaixo delas. As feras gigantes possuíam chifres em suas faces que desciam ate o chão e uma enorme tromba que rompia a multidão de guerreiros à medida que caminhavam.
Brauz vendo aquilo ordenou:
- Arqueiros, acertem a face destas feras!
Várias saraivadas de flechas romperam o ar e a densa névoa ao encontro da face das feras, duas caíram e os guerreiros que estavam encima delas também, eram os mesmos seres albinos, porém manuseavam arco e flechas ao invés de machados. O restante dos elfos, ursos e lobos que estavam no campo de batalha atacaram os arqueiros albinos e os mataram rapidamente. As três feras restantes invadiram a floresta e começaram a derrubar as árvores da densa mata como se não fossem nada.
Brauz se sentiu impotente em relação às feras que começaram a caminhar mata adentro. Tudo parecia perdido para o seu exercito de defesa, eles tinham falhado, todo o esforço e treinamento tinham sido em vão. Todos os elfos restantes da batalha estavam com os olhos voltados para as três feras que invadiam rapidamente a sua amada floresta. Logo foram surpreendidos por mais gritos vindos das bases das montanhas geladas. Eram mais orcs albinos, desta vez montados em cachorros gigantes, tinham olhares cheios de ódio e expressões horrendas em suas faces, um deles era muito maior que os outros e portava um machado enorme em cada mão. Os elfos sem muita escolha correram de volta para a floresta e os ursos, águias e lobos restantes foram ao encontro dos seres sem cor visando ganhar tempo para os elfos, mais infelizmente não conseguiram segura-los por muito tempo, todas as feras da floresta foram dilaceradas, o enorme orc albino que corria na frente partia as águias e os ursos ao meio com seus machados, os lobos foram mortos facilmente pelos outros orcs.
Os elfos conseguiram chegar à floresta e la começaram a ativar todas as armadilhas visando impedir a entrada dos orcs albinos e para sua felicidade a estratégia de defesa das armadilhas deu certo, pois antes de entrarem na floresta, os orcs albinos estavam em trezentos e a cada metro que avançavam caiam em buracos com estacas envenenadas, ativavam mecanismos que disparavam centenas de flechas também envenenadas, eram esmagados por troncos enormes e em menos de uma milha floresta adentro restavam apenas vinte, e entre eles o orc maior também havia sobrevivido, eles tinham parado em uma planície com vegetação rasteira, sem nenhuma arvore por perto. Vendo a situação vantajosa Brauz e os elfos restantes atacaram o pequeno grupo de orcs e mataram todos com facilidade, com exceção do maior, que matava qualquer elfo que chegasse a menos de dois metros de onde ele estava. Brauz então pediu que os elfos parassem os ataques e cercassem o orc.
O grande orc sobrevivente, era chamado de Thuruk, estava com o corpo repleto de cortes e flechas quebradas na metade, o veneno parecia não surtir efeito nele, estava com a respiração forte e um olhar cansado, segurava em suas mãos de um modo firme dois machados com as lâminas cobertas de sangue.
- Como você é chamado orc? – Perguntou Brauz
Antes de responder, o orc foi interrompido pelo som de uma estrondosa explosão que rasgou o céu seguida de um clarão que fez a noite se tornar dia por alguns instantes, ela vinha do interior da floresta, na direção em que as gigantescas feras tinham ido. Todos os elfos tiraram o olhar de Thuruk e voltaram a atenção para o centro da floresta, pois a preocupação deles com seu reino era maior que a de um orc ferido no meio da floresta.
Thuruk aproveitou a oportunidade e abriu caminho empurrando os elfos em direção a saída da floresta, Brauz e os outros o ignoraram e foram na direção da explosão. Thuruk conseguiu sair da floresta e voltou para as montanhas geladas.
Os elfos caminharam sem descansar por cinco horas mata adentro, na direção do reino e no meio do caminho foram surpreendidos, todos pararam imóveis em frente ao corpo das três feras gigantes e dos orcs que estavam encima delas.
 - Se acalme minha criança, o mal teve seu fim aqui.
Era Fwina, um dos três líderes élficos do reino, portadora da magia élfica. Fwina era muito sábia e portava consigo um olhar e um sorriso doce que acalmava qualquer pessoa que a visse.
Brauz então se ajoelhou em meio a vegetação rasteira, colocou suas mãos no chão e sentiu o leve orvalho da madrugada nas pontas das plantas refrescar seus dedos, sentiu a umidade da floresta e ouviu os sons que ela emitia, levantou os olhos para o céu de inverno, o sol começava a nascer e a densa névoa da noite começava a enfraquecer, ele podia sentir alguns fracos raios de sol tocando sua face, seu corpo de repente se fez pesado e ele pôde sentir a dor dos ferimentos que tinha sofrido durante a batalha. Ali Brauz respirou fundo e em um gesto de como tivesse tirando um peso muito grande dos ombros caiu no chão desacordado e tranqüilo sabendo que tinha cumprido seu objetivo.



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